Funcionária da USCS que atualmente (2018) trabalha no INPES. |
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Pergunta:
Para começar queria que você me falasse nome completo, local e data de nascimento.
Resposta:
Bom, meu nome é Alessandra Riesi, depois, Justo, né? Quando eu casei. Eu nasci em Santo André, no dia cinco de abril de 1972.
Pergunta:
Quais lembranças lhe vêm à mente dessa primeira infância, desse comecinho aí em Santo André?
Resposta:
Eu morava em um quintal onde tinha três casas. Morava minha mãe, meu pai e eu, a minha tia, meu tio e uma filha, e o outro tudo irmão, né? Irmã da minha mãe e irmão da minha mãe também. Eu nasci ali, cresci ali, até os dez anos acho que eu fiquei por aí. A única coisa que eu, eu gostava, a gente brincava muito, era criança, então vivia no quintal brincando, desenhando, andando de bicicleta, essas coisas normais, fazia piquenique, aquele negócio todo. Só as enchentes que tinha por lá que mexia bastante com a gente, porque, às vezes, a gente, era invadido a casa mesmo, porque é perto do rio, ali perto do SESI, sabe? Na Prefeito Saladino, tinha muita enchente, então, pelo menos uma vez por ano, inundava tudo lá, pelo menos uma vez. E aí estragava muita coisa, então, mas era bonito, quando eu era bem pequena era bem bonita a entrada, tinha grama certinho e tal. Aí com o tempo foi tendo enchente, tendo isso, tendo aquilo, aí foi estragando, ficando feio, enchendo de comporta, aquela coisa que vai ficando bem feio. Mas, aí quando eu fiz dez anos morreu a minha vó, meu pai ficou muito doente, e aí a gente foi morar em Anápolis, Goiás, e eu fiquei lá até os 14.
Pergunta:
Você falou desse período de enchentes. Você lembra de algum sufoco que vocês passaram? [Interrupção da entrevistada].
Resposta:
Ahh muitos. A gente pulava no vizinho para salvar cachorro, pessoa de idade, assim, tentava pegar o que conseguia, levantar tudo o que dava, principalmente, geladeira, fogão, essas coisas. Então, mas assim, teve uma que eu já estava adulta, que, infelizmente, a gente foi, mas acabei voltando, e quando eu já trabalhava aqui, com 18,19 anos, teve uma que passou por cima da janela assim [gesto de água entrando na casa]. Aí eu tinha que vir trabalhar, não tinha uma roupa, porque estragou tudo, manchou tudo, entendeu? Então assim, essa foi a pior, acho que já de adulta foi a mais difícil, não sei se choveu tanto que abriram até comporta, sabe, do? Sei lá, eu sei que invadiu e foi um estrago bem grande, bem grande mesmo.
Pergunta:
E como foi essa mudança para Anápolis?
Resposta:
Então, meu vô ele, ele era representante da Cereser, vendia bebida e etc. Então ele, por muito tempo, ele vivia aqui e lá, e ele ficava um tempo em São Paulo e um tempo em Goiás, e aí quando meu pai ficou doente, porque perdeu a mãe e depois a sogra, assim, em pouco tempo, acho que quando perdeu uma, ele se apegou na outra, aí quando perdeu as duas, ele se perdeu de vez. E aí ele começou a ter depressão profunda, tique, ele se escondia debaixo da cama igual criança, tinha medo de tudo, aí meu vô falou: ‘Olha para vocês ficarem aí' em 1980, naquela crise que ninguém tinha emprego: ‘Vem para cá! '. Aí ele arrumou lá um lugar, minha mãe começou a trabalhar com ele, meu pai, tipo, trabalhava, mas ia quando conseguia, no começo ele não conseguia. Até acertar um antidepressivo bom, para ele aguentar levantar, aguentar sair de casa, então aí, ela foi levando, e aí como a minha vó tinha morrido, graças a Deus, meu vô, para mim, é um exemplo, porque um homem que vem de Sergipe sozinho, deixa lá quatro filhos, e uma esposa, e em um ano manda buscar todo mundo de avião, e já tem uma barbearia funcionando, e já tem uma infraestrutura montada, apartamento e tudo, então ele sempre foi muito empreendedor, muito esperto, sabe? [5']. Então, ele conseguiu montar um patrimônio, que acabou com os filhos, rapidamente, que não era tão grande, mas assim, ninguém soube empregar, ninguém soube aproveitar, minha mãe, por exemplo, usou para cobrir esse problema do meu pai doente, que não tinha salário, era o mínimo, então para me manter em um nível razoável, ela gastou tudo. Então ele ainda ajudou duas vezes, quando minha vó morreu, e quando ele morreu também. Então ele ajudou muito a gente, fora a casa, que apesar da enchente, ele que deixou para ela, agora não enche mais, deu uma arrumada, fizeram piscinões, então de um tempo para cá a gente tá, e eu até meio levantei a casa para a minha mãe, eu falei: ‘Você deixa a parte debaixo sem nada, e mora encima, porque qualquer coisa não vai estragar'. Então é isso, aí a gente foi parar em Goiás, eu fiquei lá dos dez aos 14, aí eu vinha muito visitar a minha tia, aqui em Santo André, essa que morava com a gente lá, que também já morava na Vila Assunção, agora em Santo André, tinha mudado de cidade, por que ela mudou de bairro? Por causa das enchentes, não aguentava. E aí eu fui passar umas férias, e aí fiquei lá com ela um mês, aí eu voltei para lá e falei: ‘Mãe, eu não quero mais morar aqui! ', porque lá era muito difícil, a gente morava em um bairro que era meio industrial, então era longe do centro, longe das coisas, a gente, sei lá, com 14 você não tem mobilidade nenhuma ainda, você não tem carta, você não tem carro, não tem nada. E eu vinha para cá eu ia no Xadrez, no Aramaçã, no Primeiro de Maio, era muito bom, e eu falei: ‘Não, vou morar com a minha tia'. Aí eu vim embora, fiquei morando aqui, aí depois de uns dois, três anos, ela viu que eu não ia voltar, aí ela voltou com o meu pai. Voltamos para o mesmo lugar, e aí foi quando teve a outra enchente, que perdeu um monte de coisa, que foi a pior que eu lembro. Mas aí eu já estava namorando, aí logo eu casei, então aí as coisas foram mudando, porque com 21 anos eu já casei, então eu casei cedo.
Pergunta:
E as suas recordações de escola como, o que que você se lembra?
Resposta:
Escola, pequena eu lembro bastante do SESI, eu estudei lá, na indústria, meu pai trabalhava na indústria. Depois no ensino fundamental eu fui para lá, para Goiás, aí estudei em escola, colégio particular, lá era assim, ou você estudava no público e era muito simples, muito, muito simples, pessoas mesmo sem condição financeira nenhuma e não tinha qualidade de ensino nenhum ou você estudar no colégio particular. Não tinha um meio termo, não tinha um colégio particular igual você tem em São Caetano [pode ter se confundido e quis dizer público], por exemplo, que você põe o seu filho e fica não fica preocupado, acha que ele vai ter condição ou alguma chance. Então a minha mãe, graças a Deus, dentro do possível, ela investiu no particular, fazia balé, ela pagava balé, eu fiz balé muitos anos, dos cinco até os 18 quase, fiz balé, então tinha apresentação, essas coisas. E aí quando eu voltei para cá, aí eu tive que ir para o público de novo, mas não teve problema, porque, apesar de tudo, ainda aqui tinha uma estrutura razoável, fui lá para o Amaral Wagner, fiz Contábeis no ensino médio. Depois eu prestei aqui, prestei em uma outra ali no centro de Santo André que mudou de nome, eu não lembro o nome agora, e aí passei aqui e fiquei.
Pergunta:
E essa opção por Contábeis, por exatas [interrupção da entrevistada].
Resposta:
Eu sempre gostei de exatas!
Pergunta:
Como que ela surge?
Resposta:
Ah sempre gostei de exatas, sempre. E aí no ensino médio tinha Secretariado, tinha Pedagogia e Contábeis. Eu não tive dúvidas, fui direto para Contábeis, eu não, e aqui também, quando eu vi tinha Computação, só tinha quatro [sorriso], Administração, Comércio Exterior e Economia, quando eu entrei só tinham esses quatro cursos.
Pergunta:
A gente está falando de que ano?
Resposta:
De 1990. E aí eu falei: ‘Não'. Eu queria mesmo Computação, só que quando eu entrei aqui eu não era funcionária, quando eu prestei a faculdade, eu fui logo em seguida, quando eu prestei o vestibular não era. Então eu trabalhava em uma imobiliária, e eu ganhava um salário mínimo, e assim, vamos supor que Economia fosse 700 e Computação fosse 1500, o que eu ganhava não pagava o curso, então eu tive que optar pelo curso que eu podia pagar. E aí quando eu virei funcionária, depois de dois meses, foi muito rápido o processo, foi louco, né? [10'], eu nem pensava de ser funcionária, conheci uma pessoa aqui: ‘Aí está precisando no setor de pesquisa, quer fazer uma ficha? ', ‘Ué, claro! ', ainda ela falou: ‘Se você passar, você vai ganhar bolsa'. Na hora, eu não queria nem saber o salário, eu queria a bolsa [risos], aí vim e passei. Só que aí Economia eram cinco anos, eu poderia ter parado e mudado para Computação, que é o que eu queria de verdade, mas aí não sei porque, fui ficando, fui ficando, acho que apesar de gostar de Computação, me identifiquei com Economia, se não teria saído e fiz os cinco anos, e fiquei em Economia mesmo.
Pergunta:
E por que a escolha pelo IMES, para estudar no IMES?
Resposta:
Porque era os mais próximos da minha casa, é facilidade de acesso. E tinha o nome, todo mundo falava: ‘Aí a USCS', o IMES, né? Era bom, era conceituado, então para estudar, o IESA, eu tentei o IESA, em Santo André, que nem tem esse nome mais, eu não sei nem que nome tem, ali. Só que no dia do vestibular, depois que eu saí, teve enchente, e os carros em pé no poste, assim [indicando com um gesto], eu falei: ‘Eu não vou passar por isso aqui também'. Eu mó trauma de enchente, e acontece ali na porta da escola, e eu acho, eu não sei, São Caetano sempre gostei. Igual a minha filha, a primeira, nasceu em São Caetano, então eu gosto de São Caetano, eu só não moro em São Caetano porque o imóvel aqui é muito caro, e eu acabei optando por ficar em Santo André mesmo, para ter um imóvel do meu porte, aqui não daria, minha casa é grande, aqui não dá para ter uma casa grande pelo mesmo valor que eu comprei a que eu tenho lá em Santo André.
Pergunta:
E como era, fala um pouquinho de como era o IMES nesse seu primeiro contato, ainda como aluna? Como foi vir aqui para fazer a inscrição do vestibular, como foi esse primeiro contato?
Resposta:
Ah eu gostava, porque assim, hoje ele é bonito, mas era mais bonito, né? Quando você passava na Goiás tinha aquela entrada, jardim dos dois lados, o pessoal ficava tocando violão na porta, era muito legal, tinha a quadra, o pessoal ficava ali também. Então assim, tinha, eu acho que hoje, eu não sei se eu não vejo, porque eu não fico a noite, apesar da minha filha estar no último ano de Publicidade, já está indo para o oitavo período, e ela não se queixa, ela gosta, ela vai nos bares aqui na frente, ela tem amigos, então ela não reclama, mas eu sinto daquela coisa sem ser esse quadradão cheio de concreto que é hoje, tinha verde, tinha entrada bonita, parecia uma coisa daqueles colégios antigos, sabe? Não sei, eu achava bonito aqui, eu gostava mesmo, e tinha show no pátio, tinha umas coisas legais, eu gostava.
Pergunta:
Você lembra de algum show, de alguma ação cultural aí que você participou?
Resposta:
É, o que eu lembro mais, eu não lembro assim, de um show de um artista especifico, mas vieram pessoas cantar aqui que cantava igual Chitãozinho e Xororó, cantava muito bem, e a gente ficou até rouco, de tanto que a gente ficava cantando. Só que eu não participava tanto, porque eu já namorava, então acabava não ficando muito, eu não ia, eu não fiz formatura, eu não fiz nada, entendeu? Porque eu já trabalhava, estudava e namorava, então você fica meio, deixa passar algumas coisas que agora você pensa: ‘Será que eu fiz bem? ', não sei.
Pergunta:
Mas o namorado que não deixava?
Resposta:
Ele era muito ciumento, muito, ficava muito em cima, era difícil. Mas hoje, igual minha filha ela optou por não namorar, ela não namora, porque ela teve o namoro de cinco anos, frustrante, e hoje ela fala: ‘Não, eu quero a minha liberdade, mais para a frente a gente vê'. E a minha, eu não sei se é por conta daquelas dificuldades que eu tinha em casa, então eu não via a hora de casar, entendeu? Para ter o meu canto, para ter as minhas coisas, para me desvincular, um pouco, dos meus pais. E hoje, os filhos, eles têm uma liberdade na casa da gente, que eles não querem sair, ela vai fazer 22, eu acho que se deixar ela vai até os 40 lá, não está nem aí, está muito tranquila, então muda o conceito também da família, acho que pai e mãe hoje é mais amigo do que pai e mãe, né? Elas me contam tudo, tudo, então é tranquilo, ajudo, elas querem fazer festa em casa eu saio para elas fazerem a festa, para não atrapalhar, então é assim, é uma outra relação.
Pergunta:
Alessandra fala um pouquinho dessa, você mesmo falou que foi uma coisa meio louca assim, como foi esse processo? [Interrupção da entrevistada].
Resposta:
É que foi muito rápida essa mudança.
Pergunta:
Começar a estudar e virar funcionária, como que aconteceu isso?
Resposta:
Então, porque eu escolhi aqui por conta da proximidade, porque eu ia embora à noite, sozinha de ônibus, então tinha que ser um ônibus só, e mesmo assim eu morria de medo [15'].
Pergunta:
Você trabalhava na imobiliária de manhã?
Resposta:
É, eu trabalhava até as seis, aí pegava o ônibus, vinha para cá, ficava aqui e aí 11 horas tinha que ir embora [da noite], e era até as 11 a aula [da noite], não liberava não, era difícil, tinha aula de sábado, todo sábado à tarde, inteiro, então a aula não era essa: ‘Aí sai dez e meia', ou não tem aula no sábado, não, era muito puxado, e aí a gente tinha que se adaptar e eu medrosa como sempre fui, procurei o lugar, a princípio fosse de mais fácil acesso para mim, não pegava trem, porque até hoje eu não pego, tenho medo, pego assim, se precisar de dia e ainda acompanhada [risos], não gosto. E aí eu conheci uma menina na igreja, lá perto de casa, que tem a igreja Santa Teresinha ali, e ela falou para mim: ‘Olha', eu acho que ela trabalhava aqui na imobiliária, na biblioteca [se autocorrigindo], eu acho que é isso, e ela falou: ‘Olha, tão pegando no INPES'. Aí ela me explicou um pouquinho o que era e tal: ‘Você não quer fazer uma ficha? ', eu falei: ‘Claro, eu vou! ', vim, fiz a ficha, aí por sorte eu tinha feito um curso, eu era professora, antes da imobiliária, de datilografia, e aí depois fui fazer informática no centro de Santo André lá, e por conta de ter esse curso de informática, eles me escolheram, pegaram a minha ficha. Aí eu vim, conheci a Carminha, ela falou comigo, e me chamou, falou: ‘Pode vir! ', e foi rápido, muito rápido, uma entrevista em um dia e no outro dia já estava trabalhando.
Pergunta:
Ou seja, você enquanto aluna, você não conhecia o INPES? Você foi conhecer pela sua amiga fora da USCS?
Resposta:
Exatamente, porque quando eu conheci a menina e eu entrei aqui, eu tinha acabado de entrar, então não deu tempo, foi muito rápido. E eu comecei a trabalhar em março, foi muito rápido.
Pergunta:
E como foi esse primeiro momento? Você citou a professora Carminha. Do que você se recorda desse comecinho ali como profissional do INPES, como era o INPES, como era o trabalho naquele momento, como era o IMES, enfim?
Resposta:
Olha, o IMES era, para mim, era tudo ótimo, eu gostava muito. Porque, assim, eu estava desse tamainho [gesto com a mão], que você não tinha quase infraestrutura nenhuma, era só a sua mesa, sua cadeira, assim, uma cozinha, um banheiro e acabou, e ali um balcão. Você chega em um lugar que tem toda essa infraestrutura, você fala: ‘Nossa que grande, que legal! ', tem vários departamentos, tinha lá a copa que você podia comprar ou pegar e marcar, tinha assistência, acho que não tinha assistência médica, mas se você precisasse, vai, de um remédio, tinha a AFIMES, eu não sei se já tinha a AFIMES na época, mas tinha uma série de coisas que você tinha um suporte. Depois eu fiz convênio pela AFIMES, dentário, fiz isso, fiz aquilo, então você tinha um suporte maior, fora que o meu salário ficou livre, né? Porque eu pagava a escola com todo valor, de repente eu tinha bolsa, aí que eu resolvi casar mesmo [risos]. Porque aí deu para construir a casa, deu para fazer algumas coisas, porque o dinheiro todo eu não usava, entre aspas ‘Eu já estaria utilizando para outra coisa'.
Pergunta:
__________.
Resposta:
Então, eu gostei daqui bastante. Do setor, então, eu peguei uma fase que o INPES era meio diferente do que é hoje, ele não seguia horários, elas chegavam as dez, saiam à meia-noite, trabalhava de final de semana, trabalhava de feriado, virava a noite, então assim, totalmente diferente do que é hoje, hoje a gente segue certinho tudo que é, cartão de ponto aquela coisa toda, eu batia, né? O cartão, era aquele [indicando com um gesto a batida de ponto], mas elas não, elas tinham outro contrato, não sei, na época, que assinava o ponto só, assim [indicando com um gesto o assinar de ponto], e tinha um horário diferente. E assim, tinha bastante projeto, e tinha muito pesquisador, então eu chegava, aquele monte de questionário ali no canto, aquele monte de gente em volta da mesa, todo mundo falando junto, não era assim, cada um na sua mesinha, com o seu computador, para começar nem tinha computador, era uma briga para achar um computador, quando você tinha um, era um ou dois em uma sala, e aí um levantava para o outro trabalhar, né?
Pergunta:
Era o INPES raiz!
Resposta:
[Risos]. E muita coisa era feita à mão, era máquina de escrever, quando você precisava muito, você descia para o laboratório de informática para usar aquele redator lá, aquele negócio que você não sabia nem como é que, estava no negrito para você passar para o normal era um trabalho [risos], aqueles disquetes imensos, aquela coisa toda [20']. Então, é no começo, mas eu não achei ruim, eu achei complicado, porque você às vezes estava na aula e tinha que ir lá resolver um pepino do trabalho, não tinha horário, era bem assim, tem uma demanda vamos resolver. E eu acho que a gente estava no meio de um projeto muito grande de telefonia celular, a implantação do telefone, a gente fez no Brasil inteiro a pesquisa, então eu peguei assim, o negócio desabando, né? E aí que tinha que cumprir prazo, não tinha jeito.
Pergunta:
Quando você cita elas, você está falando de quem?
Resposta:
Elas? As meninas?
Pergunta:
É, é.
Resposta:
É porque trabalhava a Silvana, a não lembro o nome de todo mundo, a Ivanete, mas ela ia embora mais cedo porque ela tinha filhos pequenos, então ela ainda conseguia, porque ela era como se fosse secretária da Carminha lá, do setor, né? E tinha a Rosângela também, uma outra, e mais os contratados, a gente era funcionária mesmo e aí sempre teve muito contratado de fora, porque aí contratava de acordo com a demanda, não dá para registrar tanta gente, então precisava, chamava.
Pergunta:
Você tem um projeto e tem um contingente para aquele projeto?
Resposta:
É, e aí tinha muita gente. Então era, não era assim, tranquilo, você chegava era você, a sua amiga do trabalho ali, a outra e a outra. Tinha um monte de gente, de noite um monte de gente, de final de semana um monte de gente, era muita gente.
Pergunta:
Você citou esse projeto da telefonia. Você lembra de mais detalhes dele?
Resposta:
Acho que era Telemar, Telebrás, é que aí depende da onde era, né? O Telebrás, aí eu sei que foi feito no Nordeste, Corredores, Campinas, não sei aonde, Belo Horizonte, foi bem grande o trabalho, e assim, tudo papel, né? A gente, é muito papel, muito papel, muito volume de material, mas eu acho que, parece que assim, foi bem importante para definição de preços, definição de necessidade das pessoas.
Pergunta:
Do modelo de telefonia celular, né?
Resposta:
Do modelo de telefonia que foi escolhido para ser usado no Brasil.
Pergunta:
E você citou de como era, fisicamente, a USCS. Você falou ali do gramado [interrupção da entrevistada].
Resposta:
Eu gostava daquela entrada da Goiás, aquela estátua de madeira enorme na entrada.
Pergunta:
Onde estava o INPES?
Resposta:
Nossa! Onde estava o INPES eu não sei, porque mudou tanto.
Pergunta:
Você lembra um pouco dessas mudanças aí? Como que você [interrupção da entrevistada].
Resposta:
Olha, eu lembro que tinha, eu acho que não era muito diferente de onde a gente está, assim, porque eu lembro que tinha uma cantina ali onde é a sala dos professores, e era ali por trás daquela cantina, ali por cima, eu não consigo ver isso direito, mas eu lembro que tinha uma cantina enorme ali na sala dos professores, e eu acho que a gente estava por ali onde a gente está. Só que talvez onde é a reitoria hoje, sabe? Ou era do outro lado, depois passou para esse, a gente sempre ficou naquele pedaço [gesto com a mão indicando voltas]. Eu acho que era no mesmo espaço físico do corredor, eu não sei a localização.
Pergunta:
E quanto às aulas? Você falou que o horário era puxado e tal. Você se recorda de algum professor, de alguma aula, de algum fato aí pitoresco, algum apuro que você passou como estudante?
Resposta:
Ah eu sempre fui bem, né? Eu nunca fiquei de [pensando e confusa], é que tinha as provas eram, acho que não eram igual agora, era sete a nota, e não sei como era a configuração, era anual. Então, eu acho que era igual, é bimestral, era uma coisa assim, não era como é hoje. Mas a única matéria que eu tive dificuldade, em função do casamento, é que assim, eu casei dia 18 de dezembro, dia 16 de dezembro foi a prova do Paulo Bertarello, e aí eu fui mal. Não tinha cabeça, e aí eu fiquei de DP, mas foi a única nota baixa e a única DP que eu carreguei no período todo, dos cinco anos. Aí tinha o vespertino ainda, era das cinco às oito, das, sei lá, aí depois tinha o noturno, não tinha de manhã, e aí eu fiz essa DP nesse outro horário e era aula mesmo, tinha que assistir aula tudo de novo, não era, sei lá, uma prova, ou uma coisa de final de semana, era aula normal e aí refaz o ano inteiro. Então no quinto ano, que era da monografia, eu refiz a matéria do Paulo, no outro horário.
Pergunta:
E como foi a emoção de se formar?
Resposta:
Aí, então foi bom me formar, mas eu não participei, eu só fiz a colação aqui mesmo. Então não teve aquela coisa da formatura, igual as minhas filhas, estão fazendo tudo, né? [25']. Então aquilo que o pai vai, dança valsa, nunca tive isso, até porque meu pai era complicado demais, então até no dia do casamento ele estava mais preocupado com o cachorro do que comigo. Então tipo, tinha muita gente entrando e saindo em casa, ele falou: ‘Se esse cachorro fugir, eu não entro com você na igreja em! '. Então [risos], era uma relação difícil, então eu não fiz esse tipo de coisa, mas foi ótimo me formar, ótimo, e aí na sequência, eu tive vontade, fiz algumas coisas de pós-graduação, não inteira, porque tinha algumas coisas difíceis, você começava, aí perdia a bolsa, e voltava, aí depois eu fiz o MBA, aí faltou o artigo [risos], mas o resto eu fiz tudo, falta terminar isso.
Pergunta:
E como foi a sua trajetória dentro do INPES? Você falou que você começou como digitadora.
Resposta:
É, eu acho que era digitadora, é o cargo inicial, eu teria que pegar a carteira para olhar, mas eu acho que é por aí.
Pergunta:
Como isso foi [interrupção da entrevistada].
Resposta:
Mudando?
Pergunta:
Isso.
Resposta:
Ah eu acho que no início, eu acho que foi, eu não sei, não foi a gente que pediu, eu e a Ivanete, no caso, porque as meninas já tinham um cargo diferente, que eu nem sei que nome era. E ganhavam mais, tudo, porque elas já estavam aí a alguns anos, mas eu e a Ivanete que entramos junto praticamente, acho que esse auxiliar de secretaria, ou sei lá qual nome que foi depois de digitadora, eu acho que não foi a gente que pediu para alterar, eu acho que foi uma coisa que propuseram para a gente, e trocaram, e já mudou. Agora quando vieram os concursos, aí sim, que aí saíram os cargos específicos do departamento, técnico, júnior, sênior e pleno, aí só daria para ser júnior e sênior, pleno [se autocorrigindo], o sênior só mais para frente, porque acho que tem determinado tempo para a mudança do cargo. E aí eu prestei para os dois, e eu consegui vaga nos dois, aí eu escolhi o direto pleno, não passei pelo júnior, e aí depois o sênior foi aquela [pensando], aí teve dinâmica, teve _____. E eram três pessoas para duas vagas, aí eu e o Lúcio pegamos as duas vagas, estamos até hoje.
Pergunta:
Como é a sua rotina hoje, no INPES?
Resposta:
Ahh a gente fica no computador o dia inteiro, aí quando tem trabalho de pesquisa a gente tem que correr atrás de material, e buscar, e levar, tirar cópia, mandar para onde precisar. Aí quando precisa, viajei o ano passado também que teve umas pesquisas no interior, em Belo Horizonte, aí quando tem eu gosto, você vai, você ou faz ou você participa, acompanha, supervisiona a equipe. Mas o dia a dia mesmo é fazendo trabalho, do trabalho, mas é tabulação, processamento, nada, é bem quieto mesmo, no meu canto, ali sentada, mas quando tem fora a gente faz também, se precisar de alguma reunião fora a gente vai, isso daí é tranquilo.
Pergunta:
Alessandra, você entrou aqui no IMES ainda como estudante, depois como funcionária, em 1990, né?
Resposta:
É.
Pergunta:
De lá para cá o IMES mudou muito.
Resposta:
Mudou!
Pergunta:
E você também, né? Você passou por várias experiências, como você falou estava namorando, depois casou, vieram os filhos e tal, é possível fazer um paralelo? Falar um pouquinho dessa, das mudanças e da evolução que você viu a universidade passar, e também aquelas por quais você passou nesse período?
Resposta:
Paralelo?
Pergunta:
É possível? Existem momentos ali que _____ olha Luciano, a USCS ela era assim, e houve essas transformações e virou assado, e eu era assim, e até por estar no meio dessas transformações, também acabou chegando a isso, não sei se vai ser possível.
Resposta:
Eu não sei, porque assim, eu não consigo, eu até lembro antes da USCS, mas é tão longe, tão distante. E aí aquela, parece que é uma coisa só, eu não consigo fazer uma separação, é claro que algumas mudanças vieram, e aí você muda junto, mas tem a ver com as pessoas que você trabalhou, com a, é [confusa e pensando]. Porque assim, às vezes, você está em um departamento que você tem... Igual hoje, eu estou em um departamento que eu me dou bem com todas as pessoas, eu me sinto muito bem, é como se eu tivesse me casa mesmo, é confortável, eu fico feliz de estar aqui, porque eu venho, eu vou poder dividir tudo, mesmo que a gente não está aqui para ficar falando coisas particulares, mas as pessoas, tipo assim, você está na TPM, mulher, normal, entendeu? Estou com dor, estou com não sei o que, é tranquilo [30']. Agora eu já passei por períodos, aqui, que eu tive dificuldades de relacionamento, então na verdade, às vezes, eu fui mudando em função das dificuldades que eu fui enfrentando no processo. Mas, às vezes também, pode ser que hoje, a gente às vezes se vitimize, às vezes a gente, às vezes, faz com que aquilo aconteça também, não sei. Então você vai mudando o seu comportamento, você se abre para as pessoas de uma outra forma, não no sentido de se expor, mas no sentido de entender o outro também. Então você vai amadurecendo, a idade, assim, é ruim, claro, eu tinha 18 hoje eu tenho 46, é ruim, você envelhece, mas você fica maduro também, você enxerga as coisas de outra forma. Então, eu não consigo ver uma mudança estrutural na USCS, uma mudança, sei lá, que teve mais um campus, ou uma mudança de aumentar esse monte de curso, com uma mudança minha. Eu acho que isso é o processo, você vai junto, o que muda são as pessoas que entram e saem da sua vida, e você vai se adaptando aquilo, e vai amadurecendo e conseguindo lidar melhor com tudo aquilo que a princípio era, sei lá, às vezes era difícil, você sofria com aquilo, e aí você passa a não sofrer mais. Ou você já é claro, espontâneo demais, já deixa claro o que você gosta, o que você não gosta, e se adapta, e todo mundo respeita o outro e pronto.
Pergunta:
O que que a USCS representa na sua vida?
Resposta:
Olha se eu falar que não é quase tudo, é mentira, né? [Risos]. Porque assim, eu me formei aqui, eu trabalho aqui, por conta disso pode ser que se estivesse em um outro lugar eu estaria nas mesmas condições, ou melhor, não sei, mas eu não sei como, eu não passei por isso, então não posso dizer. Então assim, se eu tenho minha casa, se eu tenho a minha filha formando aqui, com bolsa também, se eu tenho condição de pagar a escola da outra, que é ensino médio, e aí uma série de coisas, nossa o Doutor João ajuda muito às vezes, de uma receita, é assim, é besteira, mas meu, eu consigo uma receita de um remédio controlado importante, que você vai ter que levar uma pessoa de mais de 80 anos para conseguir uma receita, você resolve, você compra, e ele tem que tomar, entendeu? Então é assim, uma série de coisas que você tem, e eu acho que são muitos benefícios.
Pergunta:
Quem que toma a medicação?
Resposta:
Eu tenho a minha sogra, que já tem mais de 80 anos, ela tem que tomar o remédio para sempre. E aí se você, às vezes, vai tentar uma consulta para passar com o médico, para pegar esse papel, às vezes, você vai levar um mês ou dois para conseguir. E assim, é claro que eu provo que ela tem que tomar mesmo, e aí eu consigo essa receita, isso facilita a vida da gente de um jeito, parece besteira, mas não, entendeu? Quando a minha, eu tenho uma tia que morreu de câncer, não tem muito tempo, tem um ano e pouco, eu liguei para o Doutor João, pedi orientação, ele, eu estava naquele processo lá do, consegui no Mario Covas [hospital], assim, pode ser que ele não resolveu, mas o pouco que eu tive, eu consegui falar com alguém. Entendeu? Para me dar alguma coisa, me deu algum retorno, então assim uma série de coisas que você, e não é só ele, eu estou citando ele, mas a Nanci, o que você precisa com ela, você consegue, todos os setores eu acho assim, não tem um setor que se eu precisar de uma ajuda, eu não tenho um retorno assim. Se eu preciso tirar, vai, minha impressora quebrou, eu preciso imprimir, eu chego lá a Sandra sai para eu sentar no micro dela, então assim, você vai reclamar como? De um lugar que você tem retorno de, praticamente, todos os setores, e amizade com quase todo mundo, então é gostoso, você conhece as pessoas a anos, muito tempo, então é bom, eu gosto, me sinto bem aqui.
Pergunta:
Você falou de duas filhas, né? Fala um pouquinho da maternidade e o impacto disso na sua vida.
Resposta:
Ahh eu não sei, por ser filha única eu sempre quis ter mais de um filho, porque apesar de ser fácil na hora de você resolver alguma coisa, por outro lado você não tem ninguém para dividir o seu problema, né? Então eu falei: ‘Não, eu não quero uma família'. Eu tenho uma família pequena, vou ficar com uma família, continuar com uma família tão pequena assim? Não, duas, pelo menos, eu vou ter. E aí a gente até queria mais, mas é difícil, trabalhando. Então eu tive a primeira, minha mãe criou, tive a segunda, minha mãe criou, não que eu não fui mãe, eu fui, das seis, sete, oito, em diante, e até de manhã, no outro dia ela estava lá olhando de novo [35']. Então assim, eu pude ter essa ajuda da minha mãe, é claro que se hoje eu tenho minha prima, ela tem a minha idade e tem uma de três anos, e ela consegue uma mulher que limpa a casa dela, que cuida da menina, que, então achou alguém, conseguiu, mas assim, você tem que ter uma ajuda de alguém, porque você não vai deixar seu filho com qualquer um. Então dois eu achei o suficiente para conseguir me manter trabalhando, e aí também não impactar tanto na vida da minha mãe que não é certo. Eu falo para elas que eu não vou cuidar de neto [risos], aí elas falam: ‘Bonito, né? Minha vó cuidou da gente e você não vai ajudar? ', eu falei: ‘Ahh mas eu não sei até quando eu vou trabalhar também, tem isso'. Mas do jeito que está demorando para ter filho, é capaz de eu estar aposentada quando elas pensarem nisso, porque uma tem só 15, então tem tempo, e a outra ainda vai fazer 22. E eu acho que foi tranquilo, é que passa tão rápido, meu, eu vejo fotos delas pequenas, aí quando eu pisco elas já estão adultas, praticamente, igual essa fez 15 anos esses dias, eu falei: ‘Eu não acredito que ela já tem 15 anos, que ela já é uma moça'. O difícil é o pai aceitar isso, né? [Sorrisos], porque aí começa a querer pensar em namorar, e nana nana, mas tudo bem, a gente vai se adaptando, aí você traz para a sua casa alguém que não é da sua vida, e de repente, passa a ir lá direto, quer dormir lá, quer ficar lá. Eu vi pelo outro, né? Que ela namorou cinco anos com ele, então assim, muda sua rotina, muda tudo na vida, mas assim, eu acho tão bom, porque essa distância de sete anos, para mim, eu achei legal, elas hoje são amigas de saírem juntas, dependendo de onde vai, elas vão, mesmo com essa diferença, e por outro lado são momentos diferentes, então você vive aquela fase, vive aquela fase [indicando mudança com um gesto]. Não passou tudo de uma vez, então dá para ainda, tipo, ainda ter crianças mais jovens participando, depois pessoas mais velhas participando, e aí mistura tudo, fica bom, eu gosto.
Pergunta:
Se você tivesse que definir a USCS, explicar o que que é a USCS para alguém que está chegando agora, como você definiria? O que que é essa instituição?
Resposta:
Alguém que é aluno, funcionário?
Pergunta:
Tanto faz.
Resposta:
Eu acho assim, a USCS ela, é difícil em falar.
Pergunta:
Quem falou que as perguntas iam ser fáceis?
Resposta:
[Risos], não, é assim, eu igual, se a minha própria filha estuda aqui, não é só pela bolsa, porque se fosse ruim eu não ia falar para ela, eu ia falar: ‘Não, vai procurar outra escola'. E ela conseguiu, inclusive, um emprego na área dela, ainda não está nem formada, graças a USCS, porque foi graças a Renata, que me ajudou demais, nossa! Eu tenho uma dívida de gratidão com a Renata.
Pergunta:
A Renata?
Resposta:
A Renata do marketing, eu não sei o sobrenome dela.
Pergunta:
A Renata [interrupção da entrevistada].
Resposta:
Eu não sei o sobrenome dela.
Pergunta:
Ezellner.
Resposta:
Porque, o que que eu falei para ela? [Interrupção do entrevistado].
Pergunta:
Acho que é Renata do Marketing o sobrenome!
Resposta:
Ela trabalhava no CIDAP, não era?
Pergunta:
Sim.
Resposta:
E ela cuidava, junto com a Lurdes, dos estágios, e eu falei: ‘Renata, olha, eu sou mãe, pelo amor de Deus me ajuda! Ela já vai terminar a faculdade, ela não consegue um emprego na área, pelo menos um estágio, por que se não o que ela vai fazer? Vender roupa na loja? '. Eu acho uma, ela tem qualidades, ela gosta disso, é uma dó ela ir, sabe? Não é que eu desmereço o outro trabalho, é que ela é igual a pessoa engenheiro e vai vender sapato, é complicado, sabe? A gente estuda para aquilo, a gente quer fazer aquilo. Aí eu falei: ‘Olha, eu queria a sua ajuda', igual, tem uma amiga dela que está manicure, não tenho nada contra, mas ela é tão boa no que ela faz, o que ela estuda, que dá dó, eu acho que está perdendo um profissional bom no mercado. Então, aí eu falei com a Renata, falei: ‘Olha, o que aparecer de vaga, deixa ela pelo menos mandar o currículo, se, por acaso, ela tiver que ser chamada, ela vai ser, se não mandar [gesto com a mão indicando impossibilidade]'. Porque a gente como pessoa física para achar uma vaga é difícil, saber onde que estão precisando, ela tentou até aqueles lá que você paga, tal, mas complicado, é tudo longe, é em São Paulo, é difícil, ela foi fazer uma entrevista que ela levou duas horas para chegar, de carro, entendeu? Então fala: ‘Meu, para ganhar mil reais, você vai duas horas para ir, duas para voltar, não dá! Vai gastar só de combustível, de deslocamento, o que você ganha' [40']. Aí a Renata conseguiu mandar o currículo dela, o rapaz chamou, está trabalhando, já viajou, para participar de feira, ela tem registro de publicidade na carteira dela, então assim, o que que eu posso falar da USCS? Sabe, é muita coisa assim, que eu tive de retorno, sempre, então se falar para mim: ‘Você precisa passar a noite aqui para resolver alguma coisa', eu vou falar ‘Eu passo! '. Você vai ter que vir no domingo, não sei o que, eu venho, porque não tem como virar as costas para uma instituição que me deu tudo, não dá. E é uma coisa assim, que se fala mal daqui eu me sinto ofendida, porque eu sei que tem algumas coisas que a gente tem que tentar melhorar a vida inteira, porque assim, vai crescendo e essa infraestrutura tem que acompanhar, e nem sempre é tão fácil, equipamentos, manutenção, sei lá, do banheiro, porque os alunos reclamam muito, essa mudança para outro campus o pessoal não está gostando, muitos estão, os que estão aqui não querem ir embora, né? Que estão aqui nesse, não sei se vai Computação.
Pergunta:
Para você ainda, que passa por você a pesquisa ainda, você deve saber [interrupção da entrevistada].
Resposta:
É, então a gente não leu tudo, é, a gente não leu tudo, porque o nosso foco ainda não era esse, a gente ainda vai trabalhar esse dado, mas assim, mas por outro lado, quando tem um elogio a gente fica feliz, eu não gosto que fala mal. Então, às vezes, quando eu vejo alguma coisa que ainda, é claro, não estamos no processo da leitura de tudo, ainda, para esse fim, mas a gente mostra, a gente fala: ‘Aí, vamos tentar melhorar, dentro do possível'. Não sou eu que faço, mas a gente apresenta essa informação, porque tudo que puder melhorar e der para ser melhorado, a gente não quer perder aluno, a gente não quer que fala mal lá fora. A gente quer manter, e acho que a qualidade do ensino aqui é, porque eu não vejo, têm outras que assim, só de ver onde estudou, não interessa, e aqui eu acho que esse tipo de problema não existe, você tem mercado aberto, aí depende de cada um, da sua qualidade, do quanto que pode devolver, porque assim, têm alunos bons em todas as escolas e ruins em todas as escolas também. Então você precisa gostar do que faz, para ir bem também, no que você está desenvolvendo.
Pergunta:
Ale, você falou do tratamento do seu pai, que demorou um pouquinho para achar medicação, tal. Depois do retorno de [pensativo].
Resposta:
De Goiás?
Pergunta:
De Goiás. Como que isso aconteceu? Esse tratamento teve [interrupção da entrevistada].
Resposta:
Aí, meu pai foi bem difícil, porque ele começou beber, né? Aí ficou alcoólatra, aí a gente tentou fazer tratamento nos alcoólicos anônimos, e o mais triste é que ele chegou em um ponto que ele teve que parar, ele não foi porque era louco, mas ele foi por causa da bebida para o, nem tem mais, a Borda do Campo lá, que tinha de todo jeito, tinha doentes de todos os jeitos lá, e aí foi bem difícil, ver meu pai internado tipo em um hospício, que não era, mas tinha gente que era, né? Mas ele não ficou muito tempo lá não, aí eu olhei e falei: ‘Mãe, pelo amor de Deus, vamos levar, a gente dá um jeito de tratar em casa mesmo'. E aí, graças a Deus, ele conseguiu parar de beber, aí a partir do momento que ele parou de beber, ele foi melhorando, foi melhorando, ele nunca sarou, mas ele conseguiu conviver com isso bem, de conseguir sair de casa, de trabalhar ainda, até a aposentadoria, de, sei lá, de ter um mínimo de convivência com as pessoas, em um Natal, em um Ano Novo. Agora ele nunca foi, eu tinha um apartamento na praia, é meu pai, ele nunca foi, nunca quis ir, porque ele não conseguia, não se sentia bem fora de casa, mas ele, assim, conseguiu viver normal, assim, até falecer de uma outra coisa, que não tem nada a ver com isso.
Pergunta:
Tem mais alguma história, alguma coisa relaciona a USCS, relacionada a você, que você gostaria de deixar registrado nesse projeto? Que busca trazer a memória da universidade, das pessoas que construíram essa universidade, que ainda constroem essa universidade, e deixar isso gravado?
Resposta:
[Risos], eu acho que eu vou falar uma coisa que é, assim, que eu tenho memórias boas, né? Eu não sei nem o nome dos lugares, mas tinha umas festas, nos buffets aí, Padoveze, sei lá o que, que eram muito boas [risos] [45']. Então, por muitos anos, a gente tinha, assim, uns encontros legais, tal, quando virou AFIMES eu já achei, não que eu ligue de pagar, tal, mas eu acho um absurdo cem reais um acompanhante, sabe? Aí ficou estranho, ficou esquisito, aí eu não participei mais dessas coisas. Mas eu tenho memórias, a gente foi em um à noite, em uma tenda, muito bonita, tinha show de mágico, sabe? Tinha caviar gente [risos], não que eu goste, mas, assim, eu achei um evento, um acontecimento legal. Então eu tenho até uma foto, bem antiga, disso, guardada, estava eu, a Odete e a Marlene, e os maridos, namorados da época, né? Então, assim, eu acho legal e aqui também, agora, por outro lado, hoje a gente tem uma relação que não precisa de tudo isso, boa, por exemplo, o pessoal da contabilidade fez um grupo, colocou eu, colocou o pessoal, aí uma festa junina, coisa nossa, simples, mas tem uma troca boa ali com eles. Então você está sempre integrado com os outros departamentos, você fica à vontade, conversa, dá risada, eu acho legal, você não fica preso, porque o INPES sempre foi muito INPES, né? A gente ficava muito só, lá dentro. Eu não sei se é, não tinha tempo mesmo eu acho, a gente trabalhava tanto, igual o ano que teve, um ano e meio que teve o senso de São Caetano, acho que a gente não punha a cabeça para fora da sala, porque não dava tempo, e agora a gente tem tempo para poder circular um pouquinho mais, ir em um outro departamento, conversar um pouco mais, então a gente consegue fazer um pouco mais de amizade mesmo, porque a gente também, se a gente não vai, as pessoas não sabem, né? Se você está aberto a isso, mas era acho que falta de tempo, então agora como melhorou um pouquinho, o trabalho está dando para ser feito no horário normal, e dentro do período, com as pessoas que tem hoje, então está gostoso a convivência lá no nosso, e mesmo que você saia de lá, assim, você encontra um monte, os guardas! O Einstein, todo mundo, a gente tem um retorno bom de todo mundo, é gostoso.
Pergunta:
Alguma pergunta aí para finalizar? Não? Bom, só posso te agradecer imensamente pela colaboração e pela participação aqui com a gente, a gente fica à disposição, qualquer outra coisa que você queira, por exemplo, essas fotos que você falou que você tem, se você puder passar para a gente, entregar para as meninas [interrupção da entrevistada].
Resposta:
Eu preciso achar! Mas eu tenho uma que acho que estava nós seis na época. Que tirou foto.
Pergunta:
Seria muito legal. A gente pode incluir tanto no próprio vídeo [interrupção da entrevistada].
Resposta:
Tá.
Pergunta:
Quanto nesse portal de memória que vai entrar no dia primeiro, vai ter uma parte lá só de imagens, a gente incluí a imagem lá também.
Resposta:
Tá. Tá, vou procurar.
Pergunta:
E aí, no decorrer do ano também, o que você tiver vai passando para a gente.
Resposta:
Tá bom!
Pergunta:
Obrigadão.
Resposta:
Obrigado você.
Siglas:
SESI: Serviço Social da Indústria.
IMES: Instituto Municipal de Ensino Superior.
USCS: Universidade Municipal de São Caetano do Sul.
IESA: Instituto de Ensino Superior de Santo André.
INPES: Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano do Sul.
AFIMES: Associação dos Funcionários.
TPM: Tensão pré-menstrual.
DP: Dependência.
MBA: Master of Business Administration.
CIDAP: Centro de Inclusão Digital e Aprendizagem Profissional.